quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Educação Contextualizada

Ensino contextualizado leva realidade para escolas

Por Instituto Recriando, organização integrante da Rede ANDI Brasil em Sergipe.

     Para melhorar o processo ensino aprendizagem de crianças e adolescentes brasileiros, criam-se métodos educacionais mais atrativos para os estudantes e eficazes na obtenção de melhores resultados. Uma dessas tentativas está presente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), nº 9.394, que desde 1996 prevê, em seu artigo 28, a adaptação dos conteúdos curriculares às peculiaridades da zona rural e das demais regiões, além da utilização de metodologias de ensino que atendam as reais necessidades dos alunos.
      Essa proposta de ensino, a que se pode chamar de educação contextualizada, tem como principal foco abordar os conteúdos em sala de aula tendo como base os elementos sociais, culturais e ambientais característicos do meio no qual os alunos estão inseridos. Além de proporcionar um maior contato entre o educando e a região em que vive e estimulá-lo a valorizar as especificidades e potencialidades locais, essa prática pedagógica busca fazer com que o estudante passe a ter maior interesse pelos conteúdos que dizem respeito a sua realidade. Porém, é importante ressaltar que a metodologia não pretende isolar esses meninos e meninas nas suas regiões e nem impedir que eles conheçam outras maneiras de viver.
      Apesar das primeiras experiências de implementação do ensino contextualizado terem ocorrido no campo, em especial na região do semiárido brasileiro, a metodologia também tem sido disseminada e proposta para outras regiões, a exemplo da Amazônia e dos grandes centros urbanos. Os aspectos locais precisam ser conhecidos não só pelas crianças e adolescentes, mas pela população geral para que seja possível promover desenvolvimento e equidade.
Surgimento - As discussões e críticas acerca da educação universalista, ou seja, aquela que trabalha os mesmos conteúdos com os alunos das mais diversas regiões utilizando a mesma metodologia, vem desde os anos 1960. Mas foi na década de 90 que o movimento organizado pelo modelo contextualizado de educação tomou dimensão nacional. Em 1996, a LDB determinou que a oferta de educação básica para comunidades localizadas no campo deveria ser baseada em conteúdos curriculares e metodologias de ensino adaptados à realidade dos educandos e às peculiaridades de cada região. Após duas Conferências Nacionais realizadas em 1998 e em 2004, o Conselho Nacional de Educação aprovou diretrizes nacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo. Ao mesmo tempo, surgiram propostas de políticas públicas para esse contexto.
A proposta no semiárido - A metodologia de educação contextualizada é trabalhada em duas vertentes: a proposta da educação contextualizada no campo e a educação para a convivência com o semiárido. As duas iniciativas tentam reverter a descontextualização histórica do ensino fundamental brasileiro, e se diferenciam no que diz respeito ao ambiente onde são aplicadas. A primeira é uma proposta voltada para as escolas localizadas nas áreas rurais de todo Brasil, enquanto que a segunda é direcionada às zonas rural e urbana do sertão.
      No caso do semiárido, a proposta é desenvolvida juntamente com os alunos em sala de aula de forma a auxiliar na compreensão do semiárido brasileiro como um lugar de vida, desmontando estereótipos como “homem sertanejo fraco”, “terra seca e improdutiva” e garantindo o sucesso das crianças na escola e a sua permanência na região. Para isso, é necessário que os conhecimentos a serem trabalhados sejam construídos no espaço escolar e fora dele, tendo as experiências do cotidiano dos alunos como ponto de partida.
      Mesmo diante de resultados satisfatórios, como avanços na leitura e na escrita, e redução dos índices de evasão escolar e repetência, são diversos os entraves que dificultam a implementação da educação contextualizada. A questão cultural é um dos maiores empecilhos, já que historicamente as políticas públicas no Brasil são formuladas sem considerar a grande diversidade do país. Um exemplo dessa descontextualização são os livros didáticos confeccionados com referências apenas aos centros urbanos.
Experiências no Nordeste - A primeira experiência de proposta de educação para a convivência com o semiárido ocorreu no município Curaçá, na Bahia, que passou a ser apontada como referência. Porém, há outros exemplos bem sucedidos na região sisaleira baiana, no município cearense de Crateús, e em Petrolina, Pernambuco. No município Picuí, localizado a cerca de 220km de João Pessoa, na Paraíba, a educação para a convivência com o semiárido já é adotada como política pública.
      Em Sergipe, a experiência pioneira desse novo modelo aconteceu em 1998, no povoado Sítios Novos, município de Poço Redondo, localizado a 183 quilômetros da capital. O projeto pedagógico foi desenvolvido na Escola Municipal Bom Jesus dos Passos, como alternativa de enfrentar e mudar os problemas vividos no município através de uma nova educação. Além da experiência em Poço Redondo, os municípios de Poço Verde e Simão Dias desenvolveram a educação para convivência com o semiárido utilizando, inclusive, livros didáticos contextualizados.
      O projeto de implementação do ensino contextualizado nessas regiões alcançou avanços consideráveis que vão desde a adaptação da grade curricular à realidade dos educandos até investimentos na educação continuada dos professores que passaram a entender a importância de fazer do aluno um indivíduo capaz de intervir e transformar a realidade à sua volta.
Livro didático contextualizado - O livro didático é uma ferramenta muito importante no processo educativo. Porém, os livros utilizados nas escolas do campo e do semiárido brasileiro não despertam muito interesse nos educandos. Eles apresentam uma realidade distante desses meninos e meninas, o que compromete o aprendizado e a construção do pensamento crítico.
      Foi na tentativa de reverter essa situação que a Rede de Educação do Semiárido Brasileiro (RESAB), com o apoio financeiro do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), reuniu autores e educadores e sistematizou experiências bem sucedidas de educação desenvolvidas em estados do nordeste. Essa sistematização permitiu elaborar a publicação experimental “Conhecendo o Semiárido”, que está organizada em dois volumes e é destinada a alunos da 3ª e 4ª séries.
      Os livros adequados à realidade do estudante conseguem contextualizar os conhecimentos diversos sem negar o acesso aos conhecimentos científicos mais universais. Eles ajudam a melhorar a qualidade de ensino, contribuindo para o processo de construção da identidade, porque não causam estranhamento nos estudantes.
     Sergipe é um dos estados que adotou o livro didático contextualizado ‘Conhecendo o Semiárido 1 e 2’. O título foi utilizado nas escolas municipais Pedro Rodrigues de Souza e a Agrícola Presidente José Sarney, em Poço Verde, e na Genésio Chagas e Desembargador Gervásio Prata, em Simão Dias.
     Como forma de fortalecer e ampliar essa busca por uma educação adequada para crianças e adolescentes do semiárido, a Rede de Educação Básica do Semiárido está tentando incluir os livros didáticos de ensino contextualizado no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), a fim de que todos os alunos e professores das escolas públicas tenham acesso a esses materiais o mais rápido possível.
Baú de Leitura - O Projeto Baú de Leitura (PBL) é um modelo inovador de Educação Contextualizada que visa construir o conhecimento de forma participativa através de uma metodologia que tem como base o ambiente e a cultura local. O principal objetivo do PBL é fomentar a prática de uma leitura crítica e participativa, tomando cuidado para que os estudantes não percam o encanto pelas histórias que lhes são apresentadas. Os resultados trazidos pelo projeto são transformadores no sentido de aprimorar a leitura e a construção de conteúdo por parte das próprias crianças, que cada vez mais sentem prazer em ler e valorizam o local onde vivem. Durante os encontros, os meninos e meninas são levados a saborear cada história através da interpretação, entendimento e confronto dos textos com a própria realidade. O processo de aprendizado também conta com o momento de produção por parte dos alunos, que criam e recriam as histórias através de atividades lúdicas como peças de teatro, desenhos e pinturas.
      Em Sergipe, o projeto começou a ser implantado em 2001, na região sul do estado, em especial nos Programas de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), como uma forma de prevenção e combate à exploração da mão de obra de crianças e adolescentes. Atualmente, a proposta está sendo executada em 40 escolas municipais e em espaços de desenvolvimento das ações socioeducativas e de convivência do Peti.
      Diante dos bons resultados alcançados, além dos 40 municípios sergipanos, o projeto vem sendo desenvolvido em 98 municípios da Bahia e em 18 municípios alagoanos, como parte das atividades de um novo Pontão de Cultura, em Palmeira dos Índios, coordenado pelo Movimento pró-Desenvolvimento Comunitário.
      Os baús são confeccionados em couro e compostos por materiais didáticos e vários livros de literatura infanto-juvenil. Cada baú contém 54 livros de 18 títulos diferentes, divididos em três temáticas: Identidade pessoal, cultural e local; Nossa relação com a natureza, tecnologia e meio ambiente; e Cidadania. As ações do Baú de Leitura em alguns municípios de Sergipe são monitoradas pelo Centro Dom José Brandão de Castro à convite do MOC e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).


    Contatos:
    Rede de Educação do Semi-Árido Brasileiro (Resab)
    Adelaide Pereira da Silva – Membro da Secretaria Executiva da Resab
    Tel.: (83) 32556196/99032859
    União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação
    Carlos Eduardo Sanches – presidente
    Tel.: (61) 3037-7888
    Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação
    Maria do Pilar Lacerda Almeida e Silva
    Tel.: (61) 2022-8318/8319/8320
    Universidade de Brasília – Campus Universitário Darcy Ribeiro
    Tel.: (55 61)3107-3300
     Centro Dom José Brandão de Castro (CDJBC)
    Simone Peixoto, coordenadora do Projeto Baú de Leitura
    Tel.: (79) 3259-6971/6928
Encontrado em:http://www.direitosdacrianca.org.br/em-pauta/ensino-contextualizado-leva-realidade-dos-alunos-para-a-sala-de-aula/?searchterm=None

Foto: Google

sábado, 7 de janeiro de 2012

Ano Novo !... Velhos Dias...


NOVOS TEMPOS, VELHOS COMEÇOS
Inicio de outros tempos
pensamentos a se moldarem
à jornada de um ato
ao alcance de um passo
de uma mão a se fechar
demarcando a imensidão
no estalido de um olhar
por se ter em compleição
o instante a fecundar
com formas, cores, sons e movimentos
implodindo em sentimentos
no espaço por pedaços
o sentido dos sentidos
que se faz ecoar
dentre novos inícios e velhos começos
os fins e seus outros desfechos
um ciclo a se formar.

Foto: Google
manollo ferreira

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A Democratização do Acesso e Uso Social da Água no Semiárido Brasileiro

P1MC E O USO SOCIAL DA ÁGUA: ENTRE CONQUISTAS E CONFLITOS
Luzineide Dourado Carvalho
Drª em Geografia -UNEB/DCH III/NEPEC-SAB
luzidourado@hotmail.com
Água e território no semiárido brasileiro é uma relação de territorialidade e de contradições. A maneira interativa e de convivência com os regimes de signos, códigos e alternâncias da natureza marca a relação do sertanejo com as condições de viver e sobreviver em um vasto território configurado pela irregularidade de chuvas. O sertanejo aprende desde cedo a lidar com esse ciclo natural, e nele viver “entre o excesso e a escassez da água a produção de processos subjetivos” (DE MARCO, 2003, p. 10)Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftnref11. Ou seja, viver a escassez ou o excesso é a condição da existência no sertão semiárido e nessa temporalidade organizar a vida neste ambiente. Entretanto, a presença da seca gerou a conotação de natureza hostil. Comunicadas e representadas de forma estereotipada, negativa e pejorativa de dizer e de apresentar o território, a natureza e as gentes do sertão semiárido.
Compreendida como ‘catástrofe’, a seca tem gerado retóricas de fatalidade climática, cujas intervenções do Estado reordenaram o território Semiárido ao longo do século XX por ações de correção hídrica denominada de ‘política de combate à seca’. A transição para o século XXI surgem novos atores sociais para a produção e organização desse território, com agenciamentos e arranjos produtivos da nova fase de intervenção estatal em consonância com a economia globalizada.
O Semiárido Brasileiro do século XXI ainda é demarcado pela forte exclusão social, mas, por outro lado, por um crescente posicionamento crítico e propositivo da sociedade civil. A experiência das lutas contra a pobreza e as injustiças sociais promove desde final dos anos de 1980 uma pressão para a democratização e o controle social dos programas de desenvolvimento por meio de importantes redes, tais como a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA).
A Reforma Hídrica promovida pela ASA parte-se do pressuposto ético que a água é uma necessidade básica de todos os seres vivos: “É um direito fundamental da pessoa humana” (ASABRASIL, 2005)Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftnref22. A ASA considera que somente através de um programa de aproveitamento racional das águas disponíveis possa oferecer segurança hídrica à população do Semiárido. Ao longo da história política do Brasil/Nordeste, a água foi usada como símbolo da manipulação eleitoreira. Sua oferta diretamente associado a um modelo de desenvolvimento excludente e desvinculado de desenvolvimento rural integrado e sustentável e das reais necessidades da grande parcela de sua população, caracterizada por agricultores familiares. A opção pelas águas das chuvas, pela ASA, como fonte disponível e acessível, parte de uma contextualização das características das bacias hidrográficas do Semiárido, e da consideração de que os grupos humanos se assentam, em grande parcela, no meio rural e vivem da agropecuária tradicional.
Democratizar o acesso e uso da água direciona-se ideologicamente à desconstrução da apropriação sócio-política desse recurso, bem como superar um quadro de iniquidade social ainda vigente: A parcela da população mais afetada é a faixa de 0 a 17 anos; 42,12% da população não tem rede geral e esse percentual aumenta no meio rural para 75% da população, sem acesso direto à água, pois não tem poço ou nascente na propriedade (GOMES FILHO, 2003)Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftnref33.
O P1MC é desenvolvido no contexto das ações de mobilização comunitária, reeditando o mutirão, uma prática tradicional de cooperação entre os agricultores familiares; forte investimento na capacitação técnica, ofertando cursos de manejo com a água da cisterna e fortalecer o controle da sociedade civil nas ações sustentáveis para o conjunto de municípios e centenas de comunidades rurais dos Estados do Semiárido. Com sua metodologia participativa, já são mais de 624 reuniões microrregionais envolvendo 19.553 participantes; 273.104 famílias capacitadas; 6.397 comissões municipais também capacitadas, além de multiplicadores em GRH, gerentes administrativos, construtores de bombas manuais etc(ASABRASIL, 2010)Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftnref44. A gestão do P1MC vai desde a escala local, com as organizações de base, até a escala nacional, com a atuação da Coordenação Executiva da ASA.
Carvalho (2010)Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftnref55 identificou algumas mudanças na cotidianeidade das famílias rurais com a presença da cisterna na suas vidas, de ordem material e subjetiva, em especial, em relação à vida da mulher sertaneja: Elas têm sido impactadas positivamente, pois as cisternas as libertam de uma tarefa árdua para suas vidas, e com tempo mais livre, dedicam-se à aprendizagem de outras tarefas, a se inserirem em atividades sócio-produtivas comunitárias, bem como, se qualificarem, participarem de intercâmbios de trocas de conhecimentos, tornarem-se lideres comunitárias etc. Na vida dos homens, esses adquirem novas profissões no rural, como tornar-se um pedreiro executor ou capacitador do P1MC. No geral, as cisternas mudam a vida de toda família, que passa a desenvolver atividades de ampliação de renda em projetos sócio-produtivos agregando o valor social aos produtos territorializados beneficiados por essas famílias (doces, geléias, polpas de frutas nativas da Caatinga, biscoitos etc).
A ‘cultura da convivência’ que se forma em torno da relação interativa natureza e cultura, cujos processos educativos contextualizados abrem-se as possibilidades para emergir outra/nova linguagem de mundo, e no qual, os sujeitos podem perceber e reconhecer sua existência, reorientarem suas atitudes para o uso ecocentrado dos recursos naturais, com respeito e sem levá-los à exaustão; uma articulação do saber popular com o saber sistematizado/técnico/acadêmico, criando novas oportunidades para que os sujeitos aprendam/reaprendam habilidades pelo uso e manejo das tecnologias sociais voltadas para a criação, produção e organização comunitária a partir das demandas e potencialidades existentes. E funda a lógica ‘do guardar’ a água. Como retrata um trecho da música “Água de Chuva” (MALVEZZI, 2008)Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftnref66: “Colher a água, reter a água, guardar a água quando a chuva cai do céu. Guardar em casa, também no chão e ter a água se vier à precisão”.
A cisterna é hoje, responsável pela elaboração de novos comportamentos, novas cotidianeidades e novas territorialidades no sertão semiárido. A água da chuva, agora, disposta ao lado das casas é uma água valorizada pelo sertanejo, pois este diz: “Uma água abençoada e guardada para beber”.
Certo que o P1MC ainda não equacionou as demandas de água potável para as populações rurais do Semiárido, mas se coloca como um Programa que atua diretamente na situação de necessidade e vulnerabilidade dessas populações. No entanto, ele se desenvolve dentro de um campo conflituoso, pois há diferentes modelos de desenvolvimento em disputa no Semiárido. A água, a terra e a biodiversidade da Caatinga disponíveis, mais do que nunca, são territórios visados para a apropriação capitalista. Tais embates colocam os sertanejos em posição de luta em defesa desses territórios, considerados pelos mesmos como suportes para sua produção material e simbólico-cultural no mundo.
Enquanto Programa, o P1MC é dependente do interesse das gestões públicas manterem ou não seu apoio. Tal aspecto repercute na atual gestão federal, ao cancelar seu apoio à ASA para sua continuidade, repassando para a responsabilidade das gestões públicas estaduais a construção das cisternas. Isso coloca em dúvida todo o processo de articulação e de mobilização em rede proposta pela ASA.
Muito mais do que se pensa ser o P1MC uma ação pontual e emergencial, ele é uma ação transformadora e desencadeante de novas demandas e movimentos para que o acesso e o uso democrático da água passem a ser postos em prática como políticas públicas contextuais, no Semiárido e outros territórios, marcados pela exclusão e desconsideração sóciopolitica.


Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftn11 DE MARCO, Giovanna. Água e processos subjetivos. 2003. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica). Pontifica Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2003
Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftn22 ASABRASIL. Conhecendo o Semiárido: aspectos da proposta política de convivência com o semiárido. Recife (PE): ASABRASIL, 2005.
Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftn33 GOMES FILHO, José Farias. Crianças e Adolescentes no Semiárido Brasileiro. Recife/PE: UNICEF, 2003
Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftn44 ASABRASIL. ARTICULAÇÃO NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO. Construindo futuro e cidadania no semiárido. Publicação comemorativa 10 anos ASA. Recife (PE): ASABRASIL, 2010
Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftn55 CARVALHO, Luzineide Dourado. Ressignificação e Reapropriação Social da Natureza: Práticas e Programas de ‘Convivência com o Semiárido’ no Território de Juazeiro (Bahia). 2010. Tese (Doutorado em Geografia). Universidade Federal de Sergipe. Núcleo de Pós-Graduação em Geografia/NPGEO. São Cristóvão, Sergipe, 2010.
Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftn66 MALVEZZI, Roberto. Água de Chuva. Intérprete: Nilton Freitas, Roberto Malvezzi, Targino Gondim.In: Belo Sertão: a convivência com o semi-árido através da música:Compact disc digital áudio, 2008. CD. Faixa 03 

Foto: Google

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

+ A Banalização Da Vida Humana +



Morreu Mais Um Alguém...!!!


Mais um alguém morreu...!!!
...Talvez confundido... Talvez inocente... Talvez culpado... Talvez... Talvez... Talvez...!

Morreu mais um alguém sem oportunidade de defesa, de explicação, de julgamento, de perdão!

Morreu mais um alguém por uma incontestável condenação, por uma irremissível punição!

Morreu mais um alguém talvez sem saber por que... Morreu mais um alguém talvez sem por que saber... Porque morreu...!

...Alguém filho, irmão, amigo... Alguém pai... Mãe... Alguém pessoa, alguém humano, alguém ser... Alguém! Alguém! Alguém!

...Morte talvez sem culpados... Morte talvez sem culpas... De quem morreu talvez.

...Alguém morreu... Alguém com nome e sobrenome... Alguém com família morreu... Morreu mais um alguém!


Mais um alguém morreu!!!


Àqueles que perderam entes queridos assassinados... “Talvez confundidos... Talvez inocentes... Talvez culpados... Talvez... Talvez... Talvez... !

Escrevi esse poema  num momento de indignação com a morte de um rapaz barbaramente assassinado vítima de linchamento, confundido com um assaltante procurado na cidade de Petrolina em janeiro de 2010.
O poema na época foi publicado no blog de Geraldo José:  www.geraldojose.com.br e no blog da UNEB: http://multicienciaonline.blogspot.com/


foto: Google


 manollo ferreira

domingo, 18 de dezembro de 2011

"O Sertanejo é, Antes De Tudo, Um Forte"... Cidadão Brasileiro !


O semiárido, dos contextos e dos contrastes, dos sertanejos e nordestinos, das pluralidades e singularidades da sua gente, e de suas culturas, memórias e histórias. Nos tempos dos tempos das suas terras fartas, cachoeiras, rios, riachos, serras, serrotes, chapadas, vales, mares, brotaram sonhos, vontades, verdades. Do homem e da mulher que planta, que colhe, que cria boi, bode, avestruz, porco, galinha, peixe em cativeiro, abelha em apiário. Programas tecnológicos, produtos de consumo e de produção, que compra e que vende, administra, gerencia, que consome e que exporta de tudo que se tem, de tudo que nessas terras se pode dar.

No cinza do seu verde a caatinga implode em cores, entoada na macambira, na faveleira, na catingueira, na umburana, no umbuzeiro, no mulungu, na flor do mandacaru, na carreira ligeira da cobra corredeira, do teiú, do tatu, do calango, do preá, no vou rasante do carcará, da codorniz, da coruja buraqueira, no canto sonoro do sabiá, do azulão, do cardeal, do bem te vi, quem bem se quis te ver por lá.

Menino e menina brincando na rua, na varanda ou na piscina, no terreiro, no cercado ou no riacho, correndo do bicho, preso no carrapicho, ouvindo causos de assombração, cantigas de roda, viajando na net, brincando de gude, garrafão, rodando pião, game, bola no campo ou na televisão, pintando o sete no lombo de um jegue ou de uma moto, fazendo poeira, se “emburraiando” no chão, em tempos de chuva correndo na lama, tomando banho de bica, se escondendo com medo do trovão.

“O sertanejo é, antes de tudo, um forte...” cidadão brasileiro, do mundo, homem, mulher, menino, menina, construtores do tempo, de dias comuns, de sol a brilhar, de noites de lua a cintilar estrelas a palpitar... Senhores e senhoras da evolução, do trabalho, da educação, da poesia, da tecnologia, da alegria, da fé na religião.

Escrevi esse texto para um trabalho do curso de especialização em Educação Contextualizada para Convivência com o Semiárido Brasileiro - (Profª Vanderlea) - UNEB/DECH III.

Foto: Google

manollo ferreira

sábado, 12 de novembro de 2011

~ Candura ~


‘(Tributo a minha filha Maria Cândida)’


Quanto antes foi a graça
Bela forma se criou

Viva a cria, criatura

Consonante criador.

Doce arte em toda parte

Num encanto assim formou

Na finura da pintura

Viva tela, sonho em cor.


O que eu vejo ninguém vê

O que eu sinto em ti ter

O prazer de ter em flor

A candura deste amor.


Foi então, que eu me senti.

Foi assim, que eu me deixei.

Pai risonho, pai chorão.

Pai coruja em exaltação.

Era tudo que eu queria

Emoldurar em versos este dia

Proclamando esta paixão

Nesta cândida canção.


Um felicíssimo aniversário minha filha querida,
 Com carinho seu Pai ! 

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Dia De Finados


O Morrer !!!  

    {Elegia Ao Desconhecido}



No expirar para o universo
No silêncio do túmulo
No horizontal da matéria
Na simetria do invólucro
Na transição do espírito
No transcender para o desconhecido
Congratulamos a sombra de uma suposta paz...A morte!
   No descolorir do soluço,
O luto!
No desproporcionado da tristeza,
O seguimento!
Na ausência,
O recordar!
 No morrer quem sabe... O reencontrar...

Foto: google 
manollo ferreira

sábado, 29 de outubro de 2011

CAATINGA ~ Conjuntura Ambiental ~



! A Mata Branca...
À sombra da mais rubra flor amarela em brilho
Emana-se em vida ao proferir da época
Porquanto se quiseras verde estiveras cinza
De quando se fizeras cinza estiveras verde
Por consequente for do tempo estar
Revelando-se em essência o colorir em traço
À bruta pedra a se brotar em seiva
Implodindo em cores a ascender ao tom
Entoada na macambira, no umbuzeiro, no mulungu,
Na umburana, na catingueira, na faveleira, no umburuçu, na flor roseira do mandacaru,
Na carreira ligeira da cobra corredeira, do tatu, do teiú, do calango, do preá, do caititu, no voo rasante da coruja buraqueira, do carcará do nambu...
Do bem_te_vi,
Quem bem te quis te ver por lá...
Na caatinga a se pronunciar...
Bem_te_vi feliz por estar
Emoldurada num cenário de riqueza, força, vivacidade e beleza...!





Foto: Google

Emanoel Ferreira da Silva – “manollo ferreira”

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Ao Som da Minha Morte !

Como Uma Bola De Sabão...


Eu tô indo... Eu tô indo embora...


Como uma bola de sabão a flutuar no ar

 ... Eu tô indo embora!

Ao lampejo da aurora

Vou ao vento a soprar,

Numa brisa bem serena,

Sussurrando transparente

A quem possa escutar

O estalido do adeus

Como uma bola de sabão ao dissipar no ar.

Meus sentidos eu mais nem sinto

O sentido eu nem sei

Pois o peso do meu corpo

Não preciso mais levar,

Já que estou a viajar

Sem saber quando chegar

Ou aonde vou parar

O caminho nem cor têm

Não tem cheiro nem sabor

Já não ouço algum desejo

 Por não ter como tateá-lo.

Sem despesa a pagar

Nem bagagem a carregar

Rumo ao desconhecido

 Vou seguindo o meu destino

Sigo incerto a algum lugar

Como uma bola de sabão a flutuar no ar

Sem o chão pra me achar

Sem caminho pra voltar

Sigo a sina da estrada

Sem um aceno da chegada

Sem ninguém a me esperar

Como uma bola de sabão ao dissipar no ar!

Ao som da minha morte, no esplendor do incontroverso,
gargalhas para mim numa nuance de cores este poema,
 Para que no desterro do viver, meus dizeres
não se atenham a uma póstuma lamuria de vida em preto e branco,
agora, já cravada ao crepúsculo imperativo de um tumulo,
 envolto por sua intrínseca afasia... A me... Sorver!






Foto: Google
Manollo ferreira

O Lado Bom Da Morte



A morte é algo tão maravilhoso, não acham? Que pergunta tão estranha... Mas o que seria a vida sem a morte?


Para existir vida tem que existir morte. A morte dá um significado muito mais valorativo e importante à vida (a morte física, obviamente). Sem morte, a vida não teria sentido e seria completamente vazia.


É como o Yin e o Yang. A vida é composta por este tipo de coisas: Bem e Mal, simpatia e antipatia, felicidade e infelicidade, egoísmo e altruísmo, vida e morte. Se assim não fosse, não seria a mesma coisa. Os opostos completam-se, logo, a morte completa a vida.


Tememos tanto a morte, mas temos muitas mais razões para temer a vida. As pessoas não entendem que a morte não é mais do que o desaparecimento da face da Terra. E o que é que sabemos disso? Nada! Apenas podemos ter receio do que não conhecemos. Contudo, se conhecemos a vida e os perigos que temos que enfrentar para viver bem, porque não nos preocupamos com ela? Tenho o dobro de receio da vida do que da morte. Esta última para mim nada significa senão aquilo que disse anteriormente.



Se o conceito de morte nos acompanhar constantemente, viveremos definitiva e irrevogavelmente melhor. Se tivermos a percepção de que a qualquer momento podemos simplesmente parar de respirar, então veremos a vida com outros olhos. Veremos a vida como aquelas pessoas que vêem uma coisa pela última vez e não podemos negar que, o que se sente, ao fazê-lo, é bom.



A morte é algo óptimo, acreditem. Sem ela, nunca viveriamos, apenas existiriamos. Sem ela, nasceriamos mortos. A vida é boa, alucinante, perigosa, excêntrica, gloriosa, verdadeira porque a morte existe. A morte completa a vida.


Publicada por Filosofia de Vida. Tirado do endereço: http://bernardosantosmartins.blogspot.com/2010/09/o-lado-bom-da-morte.html


Foto: Google