quinta-feira, 18 de outubro de 2007

“QUANTO VALE OU É POR QUILO?”




Após assistir ao magnificente e intrigante filme nacional "Quanto Vale ou é Por Quilo?" De Sérgio Bianchi, deparei-me com um desalentador sentimento de descrença e desesperança nas intenções “humanas” de solidarização e de filantropia à seus pares, mediante a exploração do ser sobre o ser, .
O filme numa inter-relação com os tempos atuais e o tempo da escravatura, tem como enfase retratar práticas assistencialistas e de exploração humana, geridas por indivíduos sobre indivíduos, como também de indivíduos no uso de instituíções de "caridade" não governamentais (ONGs) e outras entidades assistecialistas afins, configurando-se na promoção de superfaturamentos, desvios e lavagem de dinheiro, extenuados plasticamente no pagamento de aluguel, manutenção de propriedades, taxas municipais, estaduais e federais, montagem de escritórios, pagamentos de salários de pessoal, viagens de avião, de computadores, de diárias de hotéis, de contas de restaurantes, de táxis, de mídia e agências de publicidade. E como principal tática de captação de recursos, explora-se o desespero, a miserabilidade, a ignorância, o analfabetismo, a deficiência física e mental, as questões ambientais, étnicas, religiosas, de gênero, etc., ludibriando e roubando a inconsciência daqueles que são desprestigiados pelo estado nas suas necessidades básicas, de aceitação, de compromisso e de obrigação, e assim desta forma, os responsáveis por essas entidades acumulam exorbitantes valores monetários em contas particulares, expandindo seus patrimônios, ratificando assim o quanto é um bom negócio trabalhar com os desassistidos sociais, a ser representado com fidelidade na frase do autor, "mais valem pobres na mão do que pobres roubando".
Senti-me estarrecido e ambíguo após assistir ao filme. Penso agora sobre a relatividade sobre as manifestações humanas de altruísmo solidário e filantrópico, pois fui assim conduzido ao despautério da dúvida, dúvida esta compreendida na bíblica frase do "fazer o bem sem olhar a quem" (e quem será esse tal de “Quem”?), interagindo com outra épica frase de origem popular, "quem faz o bem recebe o bem”, aí eu pergunto... Ao bem de quem? Dúvida esta já insuflada na lendária frase de shakespeare "ser ou não ser, eis a questão!".
Pois diante desta cruel e contraditória realidade, fcheguei a cética observação de que ninguém faz nada de graça. Seria então calúnia afirmar que quando alguém faz uma boa ação tem por finalidade e necessidade espiritual somar pontos na busca da tão cobiçada salvação? E em outros casos de uma acentuada boa ação, se pode observar que depois se configurará uma "contra partida" pautada em valores de favores? E então, o que fazemos é por convicção ou por conveniência? Seria esta tal observação egoísta? Ou seria esta forma de compreensão maniqueista?.
Dia a dia, várias entidades de cunho “filantrópico” surgem em belíssimos prédios, em sofisticados escritórios, em casas, em quartos, em barracos, em qualquer esquina do mundo - pobre - a todo o momento, arrecadando não somente mais dinheiro, mas também alimentos, roupas, móveis, utensílios,  imóveis e tudo que lhes der lucro e conforto.
Todavia, não estou aqui somente com o intento de desabonar o papel das ONGs ou qualquer entidade que se proponha a filantropia, pois “ainda” acredito que existam muitas representatividades não governamentais pautadas na legabilidade e nos seus reais fins beneficentes. E por isso digo-lhes, que esse texto tem por finalidade não induzir ninguém a descrença no bem, porém mediante as consignas refletir na frase, "o bem, ao bem de quem?".

Precisamos nos abolir das conveniências impostas pelo egoísmo.


manollo ferreira

Fragmentos Em Delírio

Ventos adventos
Do tempo em pensamento
Reflexivos prazeres
Carne, espírito, saberes.
Vago festejo do critério
No pranto gracejo do mistério.
Cárcere fecundo da fuga
Do traço devoluto no luto da ruga.
Liberdade morosa do credo em prosa
Espinho devoto da rosa.
Na linguagem lúdica do veto
_Verbo!_
Sentido profundo do senso em consenso.
Palavra pecada de mim
Ontem acaso distante
Perdido amor constante
Lembrança quimera do quando.
Do fleche em flecha da órbita
Retida retina da lógica.
No brado retumbante da gloria adormecida
Impera a putrefação do sentido concebido.
No livre arbítrio do ventre abominado
Prisma nudez do feto em desafeto.
Silencio fantoche da noite
Ressonante cedo do mesmo
Lagrimam arestas do cômico
Da morte em vida embebida.
Na retratada duvida intercalada
Repousa inerte o eco da fleuma na sombra emoldurada.
Na fome calada da boca ignorada
Pairam abstratos fragmentos em delírio.

manollo ferreira


APRESENTAÇÃO:


Eu, Emanoel Ferreira da Silva, conhecido também pelo pseudônimo de "manollo ferreira",  de todo satisfeito, sou oriundo do periférico e Cosmopolitico bairro de Piranga, onde a minha infância foi realmente infantil e natural, e a liberdade e a criatividade interagiam com o prazer desse ser infantil por estar criança. Um mundo de indiscritíveis encantos, onde a violência em suas múltiplas faces permanecia oculta diante da magia do faz de conta, quando o Coelhinho da Páscoa e o Papai Noel ressalvados nas datas comemorativas pôr representar a Páscoa e o Natal, aludiá-nos a inocência e a bondade, assim como num antagonismo mitológico o Papa Figo, o Bicho Papão e o Lobisomem representando o mal legitimando o medo, materializava-se nos mais horrendos pesadelos. Na infância eram estes personagens que se faziam mais presentes a criança que existia em mim, quando se era cometido alguma traquinagem ou mesmo num ato de desrespeito frente aos pais (ou aos mais velhos), ou em alguns outros momentos em apavorantes historinhas noturnas.

Nas ruas, em terrenos baldios, em meio à caatinga fechada... [Ao sol]... Afagado pelo atencioso e escaldante calor do semiárido, ou então... [Ao luar]... Por muitas vezes festejado pelas frientas e ventaniosas noites de inverno, ou mesmo cotejado pelas verdejantes chuvas de verão, sempre se arranjava uma brincadeira saudável para divertir-se, todavia algumas das saborosas brincadeiras tinham a sua própria época, a exemplo do peão, da gude, do lançamento de uma pedra na outra (valendo carteiras de cigarro), da arraia, da enfica (arremesso de haste de ferro ao chão em tempos de chuva), da amassadeira (latas de leite ou de óleo cheias de areia puxadas por um arame ou um fio), da lamentável caçada aos vulneráveis passarinhos (adentrando a caatinga, armado de baladeira ou em posse de uma arapuca), colecionando álbuns e figurinhas, hora brincando de garrafão, de futebol ou então de policia e ladrão e outras brincadeiras afins. Muitas destas hoje existentes somente em presentes lembranças de um passado distante, entretanto sadio e inocente.

Atualmente muito diferentemente de antigamente, a inocência já não é mais tão inocente, a criança de hoje em repreensíveis atitudes desfaz o faz de conta e desencanta um mundo que pra alguém um dia se fez encantado, e as múltiplas faces da violência antes oculta, agora tem traços, cor, som, movimento e resultados, é criança cheirando , é criança fumando, é criança roubando, é criança parindo, é criança matando... É criança deixando de ser criança. Todavia toda alegria de um dia ter sido criança, ainda se faz representativa nas minhas lembranças, como também em divinais situações congeladas em fotografias emolduradas por um tempo bom.

A criança "Emanoel" cresceu e se fez homem "crescido", poeta, pedagogo, professor, escritor... Marido, pai, ideologista... Sonhador...

Mediante aos princípios e valores a mim constituídos pelos os meus "tudo" progenitores, trago nesta obra o resultado de uma vida repleta de adversidades, uma vida vitoriosa, alegre e abastada em minudências ao lado de pessoas inconstantemente humanas. E a encargo da minha consciência, de alegrias e tristezas, erros e acertos, colorindo e descolorando dias e noites durante todo esse tempo, entre um passo e outro, um beijo, um abraço, um aperto de... Um copo na mão, um gesto de carinho... Com os meus é satisfação estar: Familiares, amigos do dia a dia na/da infância, no/do exército, na/da faculdade, na/da profissão professor, na arte da arte, eu poder por meio deste com tudo e com todos do ontem, no amanhã o hoje comungar.




manollo ferreira