Ao Suplicio Da Cor
Ao visceral cheiro de carne escrava parida
da cor
Que pende em pátria distante ao comando da
dor
Brada veementemente intercalado suplício a
laconizar.
Na língua a mudez, ao grito a surdez a se
pronunciar
Aos foscos e catatônicos olhos, à
verticalidade a agonizar
O banzo ao ser por se personalizar
Na indiferença ao cansaço por se perdurar
Interrogativos flagelos a murmurar
Mão ao vento por toar atroz a disciplinar
Rebentando em chaga d’alma carne em sangue
a brotar
À fúria grotesca humana a postergar
Atende assim, a morte a alguns por se
condoer
Rufam
os tambores a suscitar!
Soam
os grilhões a trotar!
Trilham os chicotes a tripudiar!
No limiar do desfavorecer, raça, cultura,
crença, esperança a tonificar
Às senzalas, nos cativeiros, aos quilombos
a propagar
Erguem-se princípios, valores a resistir
por alforriar
Num ato de justiça a se considerar
Convalescendo o propósito
Luta a luta, as diferenças a abolir
Ao malfazejo do poder a se ruir
Horrenda presunção do pigmento da epiderme
por subtração
À raça humana em degradação.
Em corpo e mente a segregação
Na suplantação ao negro despotismo da
bipartição étnica a se figurar,
Áurea se fez por indistinta,
Todavia dissimulada, a esta “sociabilidade
entre os iguais”.
Imagem: Google
manollo ferreira
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