Como Uma Bola De Sabão...
Eu tô indo... Eu tô indo embora...
Como uma bola de sabão a flutuar no ar
... Eu tô indo embora!
Ao lampejo da aurora
Vou ao vento a soprar,
Numa brisa bem serena,
Sussurrando transparente
A quem possa escutar
O estalido do adeus
Como uma bola de sabão ao dissipar no ar.
Meus sentidos eu mais nem sinto
O sentido eu nem sei
Pois o peso do meu corpo
Não preciso mais levar,
Já que estou a viajar
Sem saber quando chegar
Ou aonde vou parar
O caminho nem cor têm
Não tem cheiro nem sabor
Já não ouço algum desejo
Por não ter como tateá-lo.
Sem despesa a pagar
Nem bagagem a carregar
Rumo ao desconhecido
Vou seguindo o meu destino
Sigo incerto a algum lugar
Como uma bola de sabão a flutuar no ar
Sem o chão pra me achar
Sem caminho pra voltar
Sigo a sina da estrada
Sem um aceno da chegada
Sem ninguém a me esperar
Como uma bola de sabão ao dissipar no ar!
Ao som da minha morte, no esplendor do incontroverso,
gargalhas para mim numa nuance de cores este poema,
Para que no desterro do viver, meus dizeres
não se atenham a uma póstuma lamuria de vida em preto e branco,
agora, já cravada ao crepúsculo imperativo de um tumulo,
envolto por sua intrínseca afasia... A me... Sorver!
Foto: Google
Manollo ferreira
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