Eu, Emanoel Ferreira da Silva, conhecido também pelo pseudônimo de "manollo ferreira", de todo
satisfeito, sou oriundo do periférico e Cosmopolitico bairro de Piranga, onde a
minha infância foi realmente infantil e natural, e a liberdade e a criatividade
interagiam com o prazer desse ser infantil por estar criança. Um mundo de indiscritíveis encantos, onde a
violência em suas múltiplas faces permanecia oculta diante da magia do faz de
conta, quando o Coelhinho da Páscoa e o Papai Noel ressalvados nas datas comemorativas pôr representar a Páscoa e o Natal, aludiá-nos a inocência e a
bondade, assim como num antagonismo mitológico o Papa Figo, o Bicho Papão e o Lobisomem representando o mal legitimando o medo, materializava-se nos mais horrendos pesadelos. Na infância eram estes personagens que se
faziam mais presentes a criança que existia em mim, quando se era cometido alguma traquinagem ou mesmo
num ato de desrespeito frente aos pais (ou aos mais velhos), ou em alguns
outros momentos em apavorantes historinhas noturnas.
Nas ruas, em terrenos baldios, em meio à
caatinga fechada... [Ao sol]... Afagado pelo atencioso e escaldante calor do
semiárido, ou então... [Ao luar]... Por muitas vezes festejado pelas frientas e
ventaniosas noites de inverno, ou mesmo cotejado pelas verdejantes chuvas de
verão, sempre se arranjava uma brincadeira saudável para divertir-se, todavia
algumas das saborosas brincadeiras tinham a sua própria época, a exemplo do
peão, da gude, do lançamento de uma pedra na outra (valendo carteiras de
cigarro), da arraia, da enfica (arremesso de haste de ferro ao chão em tempos
de chuva), da amassadeira (latas de leite ou de óleo cheias de areia puxadas
por um arame ou um fio), da lamentável caçada aos vulneráveis passarinhos
(adentrando a caatinga, armado de baladeira ou em posse de uma arapuca),
colecionando álbuns e figurinhas, hora brincando de garrafão, de futebol ou
então de policia e ladrão e outras brincadeiras afins. Muitas destas hoje
existentes somente em presentes lembranças de um passado distante, entretanto sadio
e inocente.
Atualmente
muito diferentemente de antigamente, a inocência já não é mais tão inocente, a
criança de hoje em repreensíveis atitudes desfaz o faz de conta e desencanta um
mundo que pra alguém um dia se fez encantado, e as múltiplas faces da violência
antes oculta, agora tem traços, cor, som, movimento e resultados, é criança
cheirando , é criança fumando, é criança roubando, é criança parindo, é criança
matando... É criança deixando de ser criança. Todavia toda alegria de um dia
ter sido criança, ainda se faz representativa nas minhas lembranças, como
também em divinais situações congeladas em fotografias emolduradas por um tempo
bom.
A criança "Emanoel" cresceu e se
fez homem "crescido", poeta, pedagogo, professor, escritor... Marido,
pai, ideologista... Sonhador...
Mediante aos princípios e valores a mim
constituídos pelos os meus "tudo" progenitores, trago nesta obra o
resultado de uma vida repleta de adversidades, uma vida vitoriosa, alegre e
abastada em minudências ao lado de pessoas inconstantemente humanas. E a
encargo da minha consciência, de alegrias e tristezas, erros e acertos,
colorindo e descolorando dias e noites durante todo esse tempo, entre um passo
e outro, um beijo, um abraço, um aperto de... Um copo na mão, um gesto de
carinho... Com os meus é satisfação estar: Familiares, amigos do dia a dia
na/da infância, no/do exército, na/da faculdade, na/da profissão professor, na
arte da arte, eu poder por meio deste com tudo e com todos do ontem, no amanhã o
hoje comungar.
manollo ferreira
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