terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Inocência USURPADA !



-->
-->
À luz do silêncio
Mascaras desvelam ao descolorir das trevas
Aliciantes monstros á reta curva do hediondo
Por ceifar sonhos ainda não sonhados
De vidas ainda não vividas
À vista visceral do tempo
Que urge ensandecido
A se alimentar do asqueroso
E vigilante deleite do mal...!




Foto: google
                                                                                   manollo ferreira


sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

NORDESTE, PRECONCEITO, PSICANÁLISE: um olhar sobre a seca








Vídeo: Youtube

Um Nordeste único na visão de Jessier Quirino, como na de outros tantos brasileiros... Rural, seco, pobre, feio, inóspito e sem perspectiva ...


Foto: Google

O NORDESTE POR UMA OUTRA ÓTICA: O Nordeste vem constantemente sendo retratado em preto e branco, como um lugar restritamente rural, sem alma, hostil, inóspito, de misérias, dores, sofrimentos e tristezas, sem perspectiva, mas essa realidade expressada em verso e prosa, nos romances, poemas e no cinema, como também incessantemente na mídia sensacionalista nacional, não é diferente de muitos outros tantos lugares do nosso planeta, no entanto essa é a única e mais reproduzida imagem do Nordeste, como se fosse uma exceção, exclusividade de direito. Contudo, é importante ressaltar o Nordeste das potencialidades, das incomensurabilidades geográficas e históricas, onde figuram também riquezas, belezas, alegrias e desenvolvimentos, o que lhe é negado e que tanto se é apropriado às outras regiões do Brasil, pela maior parte dos veículos de comunicação, livros didáticos e paradidáticos que circulam pelas escolas do nosso país.   


manollo ferreira
Pós Graduando em: Educação Contextualizada para Convivência com o Semiárido Brasileiro.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Arcanjo Apocalíptico


Sonhos flamejantes
Incinerados pela fuligem
·... A deflagrar
·... Farpas aglutinadas
Em cálidas asas
·... A revoar
·... Enclausurados suspiros
Aos lépidos olhos das sombras
·... A ressoar
Gritos deglutidos pelo fardo
... A ressentir
Ao passo do gélido incógnito
... A sucumbir...
O inatingível imperioso do absoluto...
A suprimir !!!

foto: Google
manollo ferreira

sábado, 21 de janeiro de 2012

Fome De Q ?...

 



Sede de fome
D’ alma da mente
Corpo abstrato
Do gosto alimento
Sorvido das cores,
Dos cânticos,
Fragrâncias,
Tocares, formatos
Sensatos sabores
Emanam-se da vida
Sentidos a nutrir
Desejos, prazeres a deglutir...
Além da comida que se come
Além da água que se bebe
Além da fome que se procede...
...Você tem FOME DE Q ???...

Poema inspirado na música "COMIDA" do disco "Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas" - TITÃS - do ano de 1987.
Foto: Google
manollo ferreira

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Educação Contextualizada

Ensino contextualizado leva realidade para escolas

Por Instituto Recriando, organização integrante da Rede ANDI Brasil em Sergipe.

     Para melhorar o processo ensino aprendizagem de crianças e adolescentes brasileiros, criam-se métodos educacionais mais atrativos para os estudantes e eficazes na obtenção de melhores resultados. Uma dessas tentativas está presente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), nº 9.394, que desde 1996 prevê, em seu artigo 28, a adaptação dos conteúdos curriculares às peculiaridades da zona rural e das demais regiões, além da utilização de metodologias de ensino que atendam as reais necessidades dos alunos.
      Essa proposta de ensino, a que se pode chamar de educação contextualizada, tem como principal foco abordar os conteúdos em sala de aula tendo como base os elementos sociais, culturais e ambientais característicos do meio no qual os alunos estão inseridos. Além de proporcionar um maior contato entre o educando e a região em que vive e estimulá-lo a valorizar as especificidades e potencialidades locais, essa prática pedagógica busca fazer com que o estudante passe a ter maior interesse pelos conteúdos que dizem respeito a sua realidade. Porém, é importante ressaltar que a metodologia não pretende isolar esses meninos e meninas nas suas regiões e nem impedir que eles conheçam outras maneiras de viver.
      Apesar das primeiras experiências de implementação do ensino contextualizado terem ocorrido no campo, em especial na região do semiárido brasileiro, a metodologia também tem sido disseminada e proposta para outras regiões, a exemplo da Amazônia e dos grandes centros urbanos. Os aspectos locais precisam ser conhecidos não só pelas crianças e adolescentes, mas pela população geral para que seja possível promover desenvolvimento e equidade.
Surgimento - As discussões e críticas acerca da educação universalista, ou seja, aquela que trabalha os mesmos conteúdos com os alunos das mais diversas regiões utilizando a mesma metodologia, vem desde os anos 1960. Mas foi na década de 90 que o movimento organizado pelo modelo contextualizado de educação tomou dimensão nacional. Em 1996, a LDB determinou que a oferta de educação básica para comunidades localizadas no campo deveria ser baseada em conteúdos curriculares e metodologias de ensino adaptados à realidade dos educandos e às peculiaridades de cada região. Após duas Conferências Nacionais realizadas em 1998 e em 2004, o Conselho Nacional de Educação aprovou diretrizes nacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo. Ao mesmo tempo, surgiram propostas de políticas públicas para esse contexto.
A proposta no semiárido - A metodologia de educação contextualizada é trabalhada em duas vertentes: a proposta da educação contextualizada no campo e a educação para a convivência com o semiárido. As duas iniciativas tentam reverter a descontextualização histórica do ensino fundamental brasileiro, e se diferenciam no que diz respeito ao ambiente onde são aplicadas. A primeira é uma proposta voltada para as escolas localizadas nas áreas rurais de todo Brasil, enquanto que a segunda é direcionada às zonas rural e urbana do sertão.
      No caso do semiárido, a proposta é desenvolvida juntamente com os alunos em sala de aula de forma a auxiliar na compreensão do semiárido brasileiro como um lugar de vida, desmontando estereótipos como “homem sertanejo fraco”, “terra seca e improdutiva” e garantindo o sucesso das crianças na escola e a sua permanência na região. Para isso, é necessário que os conhecimentos a serem trabalhados sejam construídos no espaço escolar e fora dele, tendo as experiências do cotidiano dos alunos como ponto de partida.
      Mesmo diante de resultados satisfatórios, como avanços na leitura e na escrita, e redução dos índices de evasão escolar e repetência, são diversos os entraves que dificultam a implementação da educação contextualizada. A questão cultural é um dos maiores empecilhos, já que historicamente as políticas públicas no Brasil são formuladas sem considerar a grande diversidade do país. Um exemplo dessa descontextualização são os livros didáticos confeccionados com referências apenas aos centros urbanos.
Experiências no Nordeste - A primeira experiência de proposta de educação para a convivência com o semiárido ocorreu no município Curaçá, na Bahia, que passou a ser apontada como referência. Porém, há outros exemplos bem sucedidos na região sisaleira baiana, no município cearense de Crateús, e em Petrolina, Pernambuco. No município Picuí, localizado a cerca de 220km de João Pessoa, na Paraíba, a educação para a convivência com o semiárido já é adotada como política pública.
      Em Sergipe, a experiência pioneira desse novo modelo aconteceu em 1998, no povoado Sítios Novos, município de Poço Redondo, localizado a 183 quilômetros da capital. O projeto pedagógico foi desenvolvido na Escola Municipal Bom Jesus dos Passos, como alternativa de enfrentar e mudar os problemas vividos no município através de uma nova educação. Além da experiência em Poço Redondo, os municípios de Poço Verde e Simão Dias desenvolveram a educação para convivência com o semiárido utilizando, inclusive, livros didáticos contextualizados.
      O projeto de implementação do ensino contextualizado nessas regiões alcançou avanços consideráveis que vão desde a adaptação da grade curricular à realidade dos educandos até investimentos na educação continuada dos professores que passaram a entender a importância de fazer do aluno um indivíduo capaz de intervir e transformar a realidade à sua volta.
Livro didático contextualizado - O livro didático é uma ferramenta muito importante no processo educativo. Porém, os livros utilizados nas escolas do campo e do semiárido brasileiro não despertam muito interesse nos educandos. Eles apresentam uma realidade distante desses meninos e meninas, o que compromete o aprendizado e a construção do pensamento crítico.
      Foi na tentativa de reverter essa situação que a Rede de Educação do Semiárido Brasileiro (RESAB), com o apoio financeiro do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), reuniu autores e educadores e sistematizou experiências bem sucedidas de educação desenvolvidas em estados do nordeste. Essa sistematização permitiu elaborar a publicação experimental “Conhecendo o Semiárido”, que está organizada em dois volumes e é destinada a alunos da 3ª e 4ª séries.
      Os livros adequados à realidade do estudante conseguem contextualizar os conhecimentos diversos sem negar o acesso aos conhecimentos científicos mais universais. Eles ajudam a melhorar a qualidade de ensino, contribuindo para o processo de construção da identidade, porque não causam estranhamento nos estudantes.
     Sergipe é um dos estados que adotou o livro didático contextualizado ‘Conhecendo o Semiárido 1 e 2’. O título foi utilizado nas escolas municipais Pedro Rodrigues de Souza e a Agrícola Presidente José Sarney, em Poço Verde, e na Genésio Chagas e Desembargador Gervásio Prata, em Simão Dias.
     Como forma de fortalecer e ampliar essa busca por uma educação adequada para crianças e adolescentes do semiárido, a Rede de Educação Básica do Semiárido está tentando incluir os livros didáticos de ensino contextualizado no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), a fim de que todos os alunos e professores das escolas públicas tenham acesso a esses materiais o mais rápido possível.
Baú de Leitura - O Projeto Baú de Leitura (PBL) é um modelo inovador de Educação Contextualizada que visa construir o conhecimento de forma participativa através de uma metodologia que tem como base o ambiente e a cultura local. O principal objetivo do PBL é fomentar a prática de uma leitura crítica e participativa, tomando cuidado para que os estudantes não percam o encanto pelas histórias que lhes são apresentadas. Os resultados trazidos pelo projeto são transformadores no sentido de aprimorar a leitura e a construção de conteúdo por parte das próprias crianças, que cada vez mais sentem prazer em ler e valorizam o local onde vivem. Durante os encontros, os meninos e meninas são levados a saborear cada história através da interpretação, entendimento e confronto dos textos com a própria realidade. O processo de aprendizado também conta com o momento de produção por parte dos alunos, que criam e recriam as histórias através de atividades lúdicas como peças de teatro, desenhos e pinturas.
      Em Sergipe, o projeto começou a ser implantado em 2001, na região sul do estado, em especial nos Programas de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), como uma forma de prevenção e combate à exploração da mão de obra de crianças e adolescentes. Atualmente, a proposta está sendo executada em 40 escolas municipais e em espaços de desenvolvimento das ações socioeducativas e de convivência do Peti.
      Diante dos bons resultados alcançados, além dos 40 municípios sergipanos, o projeto vem sendo desenvolvido em 98 municípios da Bahia e em 18 municípios alagoanos, como parte das atividades de um novo Pontão de Cultura, em Palmeira dos Índios, coordenado pelo Movimento pró-Desenvolvimento Comunitário.
      Os baús são confeccionados em couro e compostos por materiais didáticos e vários livros de literatura infanto-juvenil. Cada baú contém 54 livros de 18 títulos diferentes, divididos em três temáticas: Identidade pessoal, cultural e local; Nossa relação com a natureza, tecnologia e meio ambiente; e Cidadania. As ações do Baú de Leitura em alguns municípios de Sergipe são monitoradas pelo Centro Dom José Brandão de Castro à convite do MOC e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).


    Contatos:
    Rede de Educação do Semi-Árido Brasileiro (Resab)
    Adelaide Pereira da Silva – Membro da Secretaria Executiva da Resab
    Tel.: (83) 32556196/99032859
    União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação
    Carlos Eduardo Sanches – presidente
    Tel.: (61) 3037-7888
    Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação
    Maria do Pilar Lacerda Almeida e Silva
    Tel.: (61) 2022-8318/8319/8320
    Universidade de Brasília – Campus Universitário Darcy Ribeiro
    Tel.: (55 61)3107-3300
     Centro Dom José Brandão de Castro (CDJBC)
    Simone Peixoto, coordenadora do Projeto Baú de Leitura
    Tel.: (79) 3259-6971/6928
Encontrado em:http://www.direitosdacrianca.org.br/em-pauta/ensino-contextualizado-leva-realidade-dos-alunos-para-a-sala-de-aula/?searchterm=None

Foto: Google

sábado, 7 de janeiro de 2012

Ano Novo !... Velhos Dias...


NOVOS TEMPOS, VELHOS COMEÇOS
Inicio de outros tempos
pensamentos a se moldarem
à jornada de um ato
ao alcance de um passo
de uma mão a se fechar
demarcando a imensidão
no estalido de um olhar
por se ter em compleição
o instante a fecundar
com formas, cores, sons e movimentos
implodindo em sentimentos
no espaço por pedaços
o sentido dos sentidos
que se faz ecoar
dentre novos inícios e velhos começos
os fins e seus outros desfechos
um ciclo a se formar.

Foto: Google
manollo ferreira

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A Democratização do Acesso e Uso Social da Água no Semiárido Brasileiro

P1MC E O USO SOCIAL DA ÁGUA: ENTRE CONQUISTAS E CONFLITOS
Luzineide Dourado Carvalho
Drª em Geografia -UNEB/DCH III/NEPEC-SAB
luzidourado@hotmail.com
Água e território no semiárido brasileiro é uma relação de territorialidade e de contradições. A maneira interativa e de convivência com os regimes de signos, códigos e alternâncias da natureza marca a relação do sertanejo com as condições de viver e sobreviver em um vasto território configurado pela irregularidade de chuvas. O sertanejo aprende desde cedo a lidar com esse ciclo natural, e nele viver “entre o excesso e a escassez da água a produção de processos subjetivos” (DE MARCO, 2003, p. 10)Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftnref11. Ou seja, viver a escassez ou o excesso é a condição da existência no sertão semiárido e nessa temporalidade organizar a vida neste ambiente. Entretanto, a presença da seca gerou a conotação de natureza hostil. Comunicadas e representadas de forma estereotipada, negativa e pejorativa de dizer e de apresentar o território, a natureza e as gentes do sertão semiárido.
Compreendida como ‘catástrofe’, a seca tem gerado retóricas de fatalidade climática, cujas intervenções do Estado reordenaram o território Semiárido ao longo do século XX por ações de correção hídrica denominada de ‘política de combate à seca’. A transição para o século XXI surgem novos atores sociais para a produção e organização desse território, com agenciamentos e arranjos produtivos da nova fase de intervenção estatal em consonância com a economia globalizada.
O Semiárido Brasileiro do século XXI ainda é demarcado pela forte exclusão social, mas, por outro lado, por um crescente posicionamento crítico e propositivo da sociedade civil. A experiência das lutas contra a pobreza e as injustiças sociais promove desde final dos anos de 1980 uma pressão para a democratização e o controle social dos programas de desenvolvimento por meio de importantes redes, tais como a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA).
A Reforma Hídrica promovida pela ASA parte-se do pressuposto ético que a água é uma necessidade básica de todos os seres vivos: “É um direito fundamental da pessoa humana” (ASABRASIL, 2005)Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftnref22. A ASA considera que somente através de um programa de aproveitamento racional das águas disponíveis possa oferecer segurança hídrica à população do Semiárido. Ao longo da história política do Brasil/Nordeste, a água foi usada como símbolo da manipulação eleitoreira. Sua oferta diretamente associado a um modelo de desenvolvimento excludente e desvinculado de desenvolvimento rural integrado e sustentável e das reais necessidades da grande parcela de sua população, caracterizada por agricultores familiares. A opção pelas águas das chuvas, pela ASA, como fonte disponível e acessível, parte de uma contextualização das características das bacias hidrográficas do Semiárido, e da consideração de que os grupos humanos se assentam, em grande parcela, no meio rural e vivem da agropecuária tradicional.
Democratizar o acesso e uso da água direciona-se ideologicamente à desconstrução da apropriação sócio-política desse recurso, bem como superar um quadro de iniquidade social ainda vigente: A parcela da população mais afetada é a faixa de 0 a 17 anos; 42,12% da população não tem rede geral e esse percentual aumenta no meio rural para 75% da população, sem acesso direto à água, pois não tem poço ou nascente na propriedade (GOMES FILHO, 2003)Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftnref33.
O P1MC é desenvolvido no contexto das ações de mobilização comunitária, reeditando o mutirão, uma prática tradicional de cooperação entre os agricultores familiares; forte investimento na capacitação técnica, ofertando cursos de manejo com a água da cisterna e fortalecer o controle da sociedade civil nas ações sustentáveis para o conjunto de municípios e centenas de comunidades rurais dos Estados do Semiárido. Com sua metodologia participativa, já são mais de 624 reuniões microrregionais envolvendo 19.553 participantes; 273.104 famílias capacitadas; 6.397 comissões municipais também capacitadas, além de multiplicadores em GRH, gerentes administrativos, construtores de bombas manuais etc(ASABRASIL, 2010)Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftnref44. A gestão do P1MC vai desde a escala local, com as organizações de base, até a escala nacional, com a atuação da Coordenação Executiva da ASA.
Carvalho (2010)Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftnref55 identificou algumas mudanças na cotidianeidade das famílias rurais com a presença da cisterna na suas vidas, de ordem material e subjetiva, em especial, em relação à vida da mulher sertaneja: Elas têm sido impactadas positivamente, pois as cisternas as libertam de uma tarefa árdua para suas vidas, e com tempo mais livre, dedicam-se à aprendizagem de outras tarefas, a se inserirem em atividades sócio-produtivas comunitárias, bem como, se qualificarem, participarem de intercâmbios de trocas de conhecimentos, tornarem-se lideres comunitárias etc. Na vida dos homens, esses adquirem novas profissões no rural, como tornar-se um pedreiro executor ou capacitador do P1MC. No geral, as cisternas mudam a vida de toda família, que passa a desenvolver atividades de ampliação de renda em projetos sócio-produtivos agregando o valor social aos produtos territorializados beneficiados por essas famílias (doces, geléias, polpas de frutas nativas da Caatinga, biscoitos etc).
A ‘cultura da convivência’ que se forma em torno da relação interativa natureza e cultura, cujos processos educativos contextualizados abrem-se as possibilidades para emergir outra/nova linguagem de mundo, e no qual, os sujeitos podem perceber e reconhecer sua existência, reorientarem suas atitudes para o uso ecocentrado dos recursos naturais, com respeito e sem levá-los à exaustão; uma articulação do saber popular com o saber sistematizado/técnico/acadêmico, criando novas oportunidades para que os sujeitos aprendam/reaprendam habilidades pelo uso e manejo das tecnologias sociais voltadas para a criação, produção e organização comunitária a partir das demandas e potencialidades existentes. E funda a lógica ‘do guardar’ a água. Como retrata um trecho da música “Água de Chuva” (MALVEZZI, 2008)Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftnref66: “Colher a água, reter a água, guardar a água quando a chuva cai do céu. Guardar em casa, também no chão e ter a água se vier à precisão”.
A cisterna é hoje, responsável pela elaboração de novos comportamentos, novas cotidianeidades e novas territorialidades no sertão semiárido. A água da chuva, agora, disposta ao lado das casas é uma água valorizada pelo sertanejo, pois este diz: “Uma água abençoada e guardada para beber”.
Certo que o P1MC ainda não equacionou as demandas de água potável para as populações rurais do Semiárido, mas se coloca como um Programa que atua diretamente na situação de necessidade e vulnerabilidade dessas populações. No entanto, ele se desenvolve dentro de um campo conflituoso, pois há diferentes modelos de desenvolvimento em disputa no Semiárido. A água, a terra e a biodiversidade da Caatinga disponíveis, mais do que nunca, são territórios visados para a apropriação capitalista. Tais embates colocam os sertanejos em posição de luta em defesa desses territórios, considerados pelos mesmos como suportes para sua produção material e simbólico-cultural no mundo.
Enquanto Programa, o P1MC é dependente do interesse das gestões públicas manterem ou não seu apoio. Tal aspecto repercute na atual gestão federal, ao cancelar seu apoio à ASA para sua continuidade, repassando para a responsabilidade das gestões públicas estaduais a construção das cisternas. Isso coloca em dúvida todo o processo de articulação e de mobilização em rede proposta pela ASA.
Muito mais do que se pensa ser o P1MC uma ação pontual e emergencial, ele é uma ação transformadora e desencadeante de novas demandas e movimentos para que o acesso e o uso democrático da água passem a ser postos em prática como políticas públicas contextuais, no Semiárido e outros territórios, marcados pela exclusão e desconsideração sóciopolitica.


Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftn11 DE MARCO, Giovanna. Água e processos subjetivos. 2003. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica). Pontifica Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2003
Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftn22 ASABRASIL. Conhecendo o Semiárido: aspectos da proposta política de convivência com o semiárido. Recife (PE): ASABRASIL, 2005.
Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftn33 GOMES FILHO, José Farias. Crianças e Adolescentes no Semiárido Brasileiro. Recife/PE: UNICEF, 2003
Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftn44 ASABRASIL. ARTICULAÇÃO NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO. Construindo futuro e cidadania no semiárido. Publicação comemorativa 10 anos ASA. Recife (PE): ASABRASIL, 2010
Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftn55 CARVALHO, Luzineide Dourado. Ressignificação e Reapropriação Social da Natureza: Práticas e Programas de ‘Convivência com o Semiárido’ no Território de Juazeiro (Bahia). 2010. Tese (Doutorado em Geografia). Universidade Federal de Sergipe. Núcleo de Pós-Graduação em Geografia/NPGEO. São Cristóvão, Sergipe, 2010.
Saiba mais')" href="javascript:void(0);" name=_ftn66 MALVEZZI, Roberto. Água de Chuva. Intérprete: Nilton Freitas, Roberto Malvezzi, Targino Gondim.In: Belo Sertão: a convivência com o semi-árido através da música:Compact disc digital áudio, 2008. CD. Faixa 03 

Foto: Google