A Arte Como Legitimadora De Humanização Frente A
‘Conflituosidade Social’ Vivente
*Manollo
Ferreira
Desde
o início dos tempos, a ‘conflituosidade’ já incidia nas relações de convivência
entre os seres ‘humanos’, quando, baseado nos contares bíblicos, os irmãos Caim
e Abel, filhos de Adão e Eva, precursores da existência humana, protagonizaram
o primeiro e talvez o mais famoso episódio de conflito entre seres humanos da
história da humanidade, quando, Caim por ciúmes ceifou a vida do seu irmão
Abel.
Com a compleição da raça humana em sociedade, o mundo
instituiu-se à ‘conflituosidade’ entre os seres, sancionando-a enquanto fator
preponderante para se estabelecer a diferenciação de classes, desumanamente
humana, quando o sujeito pensante e pensado dessa sociedade, passa a
configurar-se ‘identitáriamente’ enquanto objeto moldado a fixados ideários de
‘sobrevivência’, a se predominar a necessidade do se dar bem ao bem de si, em
condescendência à premissa de que, para ‘se dar bem’, tem-se que se ‘comer’ o
outro para não ser ‘comido’, vigorando indubitavelmente o constante e
inevitável conflito com o seu semelhante na incessante busca por uma vida
humanamente “digna”, contudo socialmente desfrutável em si por si.
Como é de conhecimento universal, o mundo globalizado é
gerido pelo dominante sistema capitalista, que tem como ‘capital’ alimento de
engorda, o consumismo. E o invariável e desleal mundo consumista, tem como
proveniência do seu poder, a legitimação da pobreza como o mais rentável
produto em exposição nas prateleiras do mercado das conveniências inerente à
nossa sociedade de classes, conformando razões determinantes para com a
‘conflituosidade social’ vigente, em tempo e espaço, na busca por beneficies,
ao som de exclamados porquês eternamente interrogativos, como já discorrido
anteriormente, em sobrepujança a um alguém de poder aquisitivo menor, ao bem de
si próprio, outorgando assim: Quem tem poder de compra e quem tem preço por ser
comprado.
Ante a imperativa ordem capitalística de sobreposição de
humanos sobre humanos, ou de nações sobre nações, oportunistas de ideias em
convenção aos seus ideais, em contravenção a respeitabilidade às culturas de
pertencimento em sociedade, contrapõem à naturalidade das coisas,
desconsiderando as diferentes origens dos povos em pátria e suas
particularidades e pluralidades existenciais, excedendo-se aos limites de
poderes de poder, enquanto poder de invasão, de exploração, de violação, de
opressão, de crueldade, de
um sobre o outro, à retina obscura da desumanidade, assentida em descabidas
guerras de sexos, raças, crenças e classes, instituídas na cobiça em batalha
pelas conveniências, regidas pela horrenda ‘conflituosidade social’, onde o
sujeito “social” sucumbi a relegar valores e princípios morais imanentes do
ambiente familiar, da escola e do âmbito religioso, enquanto congregação
potencializada de formação cidadã e de personalidade do ‘sujeito’, em
dissonância ao senso comum de convivência em sociedade.
Paralelo a essa concepção de mundo em “sociedade”, mediada
pela “inerente” CONFLITUOSIDADE SOCIAL, já por tanto ecoada, está o alento da
ARTE, fincada como diferencial nas relações entre homens e mulheres, em uma
consoante afirmativa de humanização humana,
universalizada nas suas múltiplas linguagens por um só dialeto de expressão humana, pelos vários povos e suas
variantes culturais, exteriorizadas pelos vários lugares e seus diversos
tempos, das diversas formas e sentidos: cores, cheiros, sabores e sons em
compleição, comunicando-se entre si, deliberando-se e sendo deliberada nos
sentimentos humanos, canalizando-se num só idioma, num só gesto, entre irmãos e
irmanados, diferentes, contudo iguais, individuais, todavia coletivos, plurais,
excepcionalmente singulares, instituindo os limites do intangível do tangível
do ilimitado na transversalidade da subjetividade, por meio do fazer artístico
conforme "a vontade de Deus", rompendo com a verticalização das
posturas, transgredindo a lógica dos sentidos, aniquilando as diferenças,
transcendendo-a a paz em libertação, numa ‘plurilateralidade’ horizontal de
humanização ‘humana’ da humanidade, erradicando paradigmas
prescritos pelo regime explicitamente impassível e consumista do capitalismo
escravagista a reger a ‘velha’ mais ‘nova’ ordem mundial.
"A arte existe para
que a realidade não nos destrua" - Friedrich Nietzsche
Manollo
Ferreira: Pedagogo – Especialista –
Professor – Poeta –Escritor...Piranga / Juazeiro-BA.